Turma de novos técnicos explosivistas da Polícia Militar conta com a primeira policial militar formada na área em todo o Estado 27/09/2018 - 12:00

Por Marcia Santos
Jornalista PMPR

Em 164 anos de história, a Polícia Militar teve sua primeira Comandante-Geral, a coronel Audilene Rosa de Paula Dias Rocha, e agora conta também com a primeira policial militar técnico explosivista, a soldado Leiliane Soares da Silva, que levantou o diploma de conclusão do III Curso Técnico Explosivista – Categoria Oficiais e Praças, durante a solenidade de formatura nesta quinta-feira (27/09). Os militares estaduais formados poderão ser absorvidos ao Esquadrão Antibombas (EAB) ou retornarem às suas unidades de origem para disseminar o conhecimento adquirido para os companheiros de farda.

“Não desista, continue firme e conquiste essa vitória”. Esse foi o principal conselho que a soldado Liliane, que até então atuava no Hospital da Polícia Militar (HPM), ouviu de seus entes queridos ao longo de quatro meses de curso. Antes, trabalhava no setor de Compras do hospital, analisando planilhas e documentos todos os dias. A rotina virou de ponta cabeça: ao invés de papéis e canetas, no curso ela lidava diretamente com fios, ferramentas, equipamentos e trajes especiais para atendimento de ocorrências com explosivos.

O desafio, juntamente com outros policiais militares, oficiais e praças de diversas unidades da Corporação, estava posto: vencer o período de instrução e galgar uma posição no seleto grupo de policiais antibombas, função desejada por poucos por conta do alto risco que emana, mas essencial para a segurança pública na era pós-moderna. Trabalhar com explosivos não era necessariamente o sonho de Liliane, que quando entrou na Corporação, em 2013, sonhava ser integrante do Batalhão de Operações Especiais (BOPE).

“Sempre dizia que queria ser do BOPE, mas ao fazer o curso no Esquadrão Antibombas, descobri o que realmente queria. Estar nesse seleto grupo é uma responsabilidade grande por representar o público feminino num momento histórico em que temos uma Comandante-Geral na Corporação”, explica.

Escolhida como oradora da turma, a soldado Liliane se emocionou ao falar das expectativas com o curso, da proximidade e amizades criadas nos dias e noites de instruções, dos fatos cômicos até a fatalidade ocorrida no último dia 20, em que dois instrutores se feriram durante o preparo de uma das últimas atividades práticas do curso. Os policiais estão estáveis e seguem em recuperação.

“Exatamente por ser totalmente especifico e diferente daquilo já tinha tido contato na PM é que escolhi me aprofundar nessa área, pois é algo que agrega à carreira. O curso foi excelente, nosso grupo é excelente. Deus não coloca as pessoas erradas nas nossas vidas, Ele coloca as certas, nos momentos certos. Estamos aqui hoje porque ajudamos uns aos outros e pretendo prosseguir nos estudos para que, futuramente, eu possa colaborar com o Esquadrão Antibombas”, acrescentou Leiliane.

Agora, a soldado passa a ser integrante do seleto grupo de 24 militares estaduais que se formaram no Curso de Técnico Explosivista desde 2014, ano da primeira turma no Paraná. Com o diploma em mãos e o brevê do Esquadrão Antibombas ostentado em sua farda, ela quer se aperfeiçoar ainda mais na área. “A primeira intervenção é fundamental numa ocorrência com explosivos, daí a importância de capacitar os policiais militares que vão se deparar com essa situação na rua”, disse.

A Comandante-Geral da PM, coronel Audilene Rosa de Paula Dias Rocha, enalteceu a garra dos formandos, em especial da soldado Leiliane, que superou as dificuldades desde a fase classificatória até a conclusão da especialização. “Os homens tem suas características, e a mulher também, que somadas nos dão uma visão mais ampla, uma percepção mais completa, e é isso que queremos, nessa somatória proporcionar o melhor de cada um de nós profissionalmente em benefício da sociedade paranaense. Nós damos o melhor que podemos e todos os dias, transformamos vidas”, disse durante seu discurso.

O CURSO – O III Curso Técnico Explosivista – Categoria Oficiais e Praças é uma iniciativa do Batalhão de Operações Especiais (BOPE), por meio do Esquadrão Antibombas, em conjunto com Diretoria de Ensino e Pesquisa da PM (DEP) e com a Academia Policial Militar do Guatupê (APMG), para formar militares estaduais dotados de conhecimento e doutrina na área antibombas, e habilidade para atendimento de ocorrências com elementos QBRN (químico, biológico, radioativo e nuclear). O curso é requisito básico para fazer parte do Esquadrão Antibombas.

“O curso é importantíssimo para a PM, e muito mais para a sociedade, considerando as ocorrências e eventos que nós nos deparamos diariamente e semanalmente por todo o Estado e País envolvendo explosivos. O BOPE é difusor de doutrinas, por isso, as capacitações que nós realizamos são para formar policiais de todo Estado, pois, quanto maior o número de pessoas aptas a operar com segurança e conhecimento técnico, melhor será o resultado final”, avalia o Comandante do Batalhão de Operações Especiais, tenente-coronel Hudson Leôncio Teixeira.

O evento foi presidido pela Comandante-Geral da PM, coronel Audilene Rosa de Paula Dias Rocha, acompanhada do Secretário Chefe da Casa Militar, coronel Maurício Tortato, do Subcomandante-Geral da PM, coronel Arildo Luis Dias, do Vice-Presidente da Associação da Vila Militar, coronel Almir Porcides Junior e do Comandante do BOPE, tenente-coronel Hudson Leôncio Teixeira.

Os formandos homenagearam os instrutores e instrutores adjuntos do curso com mimos em agradecimento e lembrança da dedicação ao dividirem a experiência e o conhecimento adquiridos com anos de trabalho e de especializações feitas com grupos antibombas de renome internacional.